Corpo de Lacraia é sepultado no Rio de Janeiro


O clima de comoção tomou conta do Cemitério de Inhaúma, em Inhaúma (Zona Norte do Rio de Janeiro), na manhã desta quarta-feira (11), onde foi enterrado o corpo do dançarino Marco Aurélio Silva Rocha, 33 anos, mais conhecido como Lacraia. Mais de 300 pessoas se despediram do travesti ao som de muitos aplausos, e do hit “Vai Lacraia“, um de seus maiores sucessos.
Abalado com a perda do amigo, o funkeiro Sérgio Braga Manhães, o MC Serginho, parceiro de Lacraia durante 10 anos, voltou a afirmar que deve tudo o que conquistou ao amigo.
“A maior lembrança que eu vou ter da Lacraia é sua determinação de ser feliz. Ela queria ser feliz a qualquer custo e me ensinou a lutar por aquilo que eu acredito. Essa foi a maior lição que ela me deixou. Sem ela eu não teria conseguido nada”, disse.
Assim como Serginho, outros amigos do dançarino ressaltaram a alegria de Lacraia. A produtora de shows e uma das melhores amigas do dançarino, Marcelly Morena, 25 anos, revela que, mesmo passando mal Lacraia era capaz de fazer piadas.
“Fui eu quem a levou para o hospital há cerca de um mês. Ela estava com muitas dores, sentindo bastante tonteira, mas não parava de fazer brincadeiras. Era uma pessoa feliz, adorava a fama. Isso era muito importante para ela, que curtia cada pedido de autógrafos nos shoppings e até na padaria”, lembrou.
A empatia e a capacidade que o dançarino tinha de conquistar o público foram ressaltadas pelo maquiador do SBT Paulo André Guimarães. “O Magrão (ex-diretor do programa Domingo Legal) sempre convidava a Lacraia para os programas porque sabia que bastava ela aparecer para a audiência subir. Ela dançava, inventava suas próprias coreografias, dava um jeitinho de ser diferente. Não vai existir outra como ela”, lembrou.
Durante o sepultamento, uma das irmãs de Lacraia, Érica  Silva Rocha, passou mal e precisou ser afastada da sepultura do irmão. Durante o cortejo, familiares e amigos evitaram comentar a causa da morte do artista. “Foi pneumonia, tuberculose”, limitavam-se parentes.
Para o cabeleireiro Henrique Rodrigues, o grande mérito do amigo foi ter conseguido fazer sucesso em uma sociedade em que o preconceito é muito forte. Para ele, o carisma do dançarino fez com que a sua opção sexual fosse ignorada mesmo pelos mais conservadores.
“Não havia nada melhor do que a convivência com ela durante os trabalhos que fizemos juntos em Mesquita (Baixada Fluminense). Ela era pobre, homossexual, mas acima de tudo bastante querida e, sem dúvida alguma, contribuiu muito para diminuir o preconceito”, garantiu.
Jornal do Brasil

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