Tv Cultura :‘Cocoricó’ completa 15 anos e investe em êxodo rural




“Cocoricó” completa 15 anos no ar, mas investe na mudança do campo para a cidade, iniciada na temporada passada. Galinhas, cavalo e o menino Júlio estão entre asfalto e muros grafitados.
O êxodo rural foi a solução para que se pudesse, aparentemente, voltar a temas já explorados em temporadas anteriores de “Cocoricó”.
A chuva, responsável por um dos maiores sucessos do programa (“Chuva, Chuvisco, Chuvarada” é um hit que impregnou pais e babás), reaparece em versão urbana.
Em vez de simplesmente “comer bolo de cenoura com cobertura de chocolate quente” para esperar o temporal passar, os personagens se dispõem a elaborar versos sobre como é duro ser criança de apartamento e não poder nem dar uma saidinha por causa do pé d’água.
Entre os personagens tipicamente citadinos que surgem agora, um cão vadio (Esfarrapado) e um rato de esgoto (Roto) adicionam graça à já ultrassimpática turma do programa.
A dupla é uma das provas reiteradas de que “Cocoricó” consegue, ainda, dar piparotes de realidade em seus espectadores sem perder a fofura jamais.
Filho único e típico representante dos “criados por vó”, o menino Júlio teve, no entanto, de recorrer ao auxílio do primo João para renovar os temas do programa –como o ciúme entre João e seu irmãozinho.
A presença da mãe branca e do pai negro de João também adiciona alguma complexidade ao cenário racial do programa –e o atualiza após debates sobre cotas e discriminação que avançaram nos últimos 15 anos.
Na toada inclusiva, aparece Mauro, deficiente visual “bom de bola” –uma espécie de versão infantil de Jatobá, o cego conquistador vivido por Marcos Frota na novela “América” (2005).
De resto, o programa está equipado para enfrentar os clichês do “caos urbano” –embalado aqui e ali por sambinhas adoniranianos. Com a experiência de quem atravessa a segunda geração de espectadores, “Cocoricó” continua a ser bom exemplo na programação infantil.
“COCORICÓ”
Segunda temporada “na cidade”
QUANDO: sáb., às 11h15, na Cultura
CLASSIFICAÇÃO: livre
AVALIAÇÃO: bom
Folha Ilustrada

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